PLANT STEROLS LOWER CHOLESTEROL, MAS AUMENTO DO RISCO PARA DOENÇAS CORONARES DE CORAÇÃO

Editorial

É amplamente aceito que a redução do colesterol é saudável por si só. Desafiamos este ponto de vista, com particular referência aos esteróis vegetais. A redução do colesterol não deve ser um fim em si mesmo. O objetivo deve ser a redução dos resultados de saúde, como a incidência de Doenças Coronarianas (DCC). Hipotecamos que os esteróis vegetais podem baixar o colesterol, mas não as doenças cardiovasculares. Achamos que o resultado sobre CHD de fato é prejudicial.

A redução do colesterol tornou-se uma obsessão nacional para o mundo desenvolvido, da América à Nova Zelândia. As estatinas são o mecanismo preferido e mais lucrativo (Johnson and odds, 2011) para reduzir os níveis de colesterol no soro. Os esteróis vegetais oferecem outra opção. Foram adicionados à margarina pela primeira vez e lançados na Europa em 1997 (Patch et al., 2006). O mercado europeu de substâncias com adição de esteróis vegetais continua a ser o mais maduro, com receitas de 400 milhões de dólares alcançados (Frost and Sullivan, 2006). Os esteróis vegetais são o termo coletivo para fitoesteróis e fitoestanóis livres e esterificados, independentemente da fonte biológica. Os fitoesteróis são moléculas semelhantes ao colesterol encontradas em todos os alimentos vegetais, sendo que as concentrações mais elevadas ocorrem nos óleos vegetais. São absorvidos apenas em quantidades vestigiais, mas inibem a absorção do colesterol intestinal (Ostlund, Jr., 2002). Os fitoesteróis mais comuns na dieta humana são β-sitosterol, campesterol e estigmasterol, que representam aproximadamente 65%, 30% e 3% do conteúdo da dieta, respectivamente (Weihrauch e Gardner, 1978). A capacidade dos fitoesteróis de inibir a absorção do colesterol foi estabelecida pela primeira vez em 1953 (Pollak, 1953).

Fitoesteróis competem efetivamente com o colesterol feito pelo corpo humano e o substituem em certa medida, diminuindo assim os níveis séricos de colesterol. É pertinente questionar se a substituição do colesterol humano pelo colesterol vegetal é uma intervenção positiva na saúde.

A Autoridade Europeia de Segurança Alimentar respondeu a um pedido da Unilever PLC para poder fazer alegações de redução do colesterol nos seus produtos enriquecidos com esterol vegetal (Bresson, 2008). O órgão de revisão concluiu que “os esteróis vegetais demonstraram baixar/reduzir o colesterol no sangue”. Eles também afirmaram “Entretanto, não há estudos de intervenção humana demonstrando que os esteróis vegetais reduzem o risco de doença coronária”

Rajaratnam et al. (2000) estudaram a associação de fitoesteróis e doenças das artérias coronárias (DAC) em mulheres na pós-menopausa. Eles concluíram que “mulheres com elevadas proporções de squalene sérico, campesterol e sitosterol para colesterol e baixos valores respectivos de lathosterol têm aumentado o risco de DAC”. Assim, maior absorção e menor síntese de colesterol podem estar relacionados à aterosclerose coronária”

Os esteróis vegetais foram revisados como fator de risco potencial para DCC por Sudhop et al. (2002). Eles concluíram: “Estes achados sustentam a hipótese de que os esteróis vegetais podem ser um fator de risco adicional para CHD.”

Assmann et al. (2006) artigo relatou que: “Elevações nas concentrações de sitosterol e a relação sitosterol/colesterol parecem estar associadas a um aumento da ocorrência de eventos coronarianos importantes em homens com alto risco global de doença coronariana””

P>Mais recentemente, Silbernagel et al. (2010) estudaram 1.257 indivíduos no estudo Ludwigshafen Risk and Cardiovascular Health (LURIC). Eles descobriram que a alta absorção de fitoesteróis e concomitante baixa síntese de colesterol previram aumento de todas as causas e mortalidade cardiovascular em participantes da LURIC.

A melhor evidência para suportar esteróis vegetais para doenças cardíacas é que eles são: possivelmente protetores; neutros; ou não parecem estar adversamente relacionados. Numa coorte holandesa de sujeitos com mais de 65 anos, Fassbender et al. (2008) descobriram que “os esteróis vegetais podem ter efeitos neutros ou mesmo protectores no desenvolvimento de doenças coronárias, que têm de ser confirmados em ensaios intervencionais”. A coorte da EPIC Norfolk descobriu que “níveis mais elevados de esteróis vegetais, não parecem estar adversamente relacionados à DAC” entre 373 casos e 758 controles (Pinedo et al., 2007).

A maioria das evidências para a DAC não é favorável. As evidências para o câncer também são preocupantes. Há uma revisão das evidências epidemiológicas de fitoquímicos e risco de câncer. Os fitoesteróis são uma das cinco principais categorias de fitoquímicos incluídos na revisão; carotenóides, isotiocianatos, clorofila e fitoestrogênios são os outros quatro (Miller e Snyder, 2012). Esta revisão relatou que existe apenas um estudo focado em fitoesteróis e risco de câncer (Normen et al., 2001). Este estudo de coorte holandês envolveu 120.852 pessoas em um acompanhamento médio de 6,3 anos. Concluiu que não havia associação entre o consumo de fitoesteróis e o risco de câncer de cólon nos homens. Houve associações positivas entre o risco de câncer retal e a ingestão de campesterol e estigmasterol em homens. Para as mulheres, não houve associação clara entre o consumo de qualquer um dos esteróis vegetais e o risco de câncer colorretal.

Apesar das evidências citadas, foi um estudo holandês de 30 pessoas (Kelly et al., 2011) que provocou uma alteração no regulamento da UE para os esteróis vegetais (CR, 2013). Kelly et al. (2011) encontraram uma correlação significativa entre a concentração de campesterol no plasma sanguíneo e a espessura das veias na retina após 85 semanas em pessoas que tomam medicamentos à base de estatina, enquanto ingerem esteróis vegetais. O Instituto Federal Alemão de Avaliação de Riscos observou que um aumento no diâmetro dos vasos da retina está sendo discutido como um marcador de risco precoce para doenças cardiovasculares (BfR, 2011). Assim, a UE determinou que, a partir de fevereiro de 2014, os produtos com esteróis vegetais adicionados devem declarar que o produto não se destina a pessoas que não precisam controlar seu nível de colesterol no sangue (CR, 2013).

Argumentamos que esta advertência deve ser estendida a todas as pessoas e todos os produtos que contenham esteróis vegetais. A maioria dos estudos que levantaram preocupações envolveu participantes que foram considerados “em risco” e, portanto, metas para a redução do colesterol (Sudhop et al., 2002; Assmann et al., 2006; Silbernagel et al., 2010).

Os esteróis vegetais fazem baixar os níveis de colesterol; substituir os níveis de colesterol humano pode ser uma melhor descrição da metodologia. Entretanto, não há evidências de que os esteróis vegetais reduzam o risco de CHD e muitas evidências de que eles são prejudiciais.

É hora de lembrarmos que estamos no negócio de melhorar os resultados de saúde e não de substituir desfechos. Ao perder de vista os alvos reais, podemos fazer mais mal do que bem.