Verdades e mitos sobre o cogumelo Agaricus blazei

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Verdades e mitos sobre o cogumelo Agaricus blazei

Verdades e mitos sobre o cogumelo Agaricus blazei

Eustáquio Souza DiasI, *; Carlos AbeII; Rosane Freitas SchwanI

p>IUFLA, Depto. de Biologia, Campus Universitário, C.P. 37 – 37200-000 – Lavras, MG – Brasil
IIFazenda Guirra, Estrada do Bom Sucesso km 40, Bairro do Guirra – 12200-000 – São José dos Campos, SP – Brasil

ABSTRACT

O cogumelo Agaricus blazei Murrill foi descoberto em Piedade, Estado de São Paulo, Brasil, e enviado ao Japão para ser estudado por suas propriedades medicinais. Estudos em cobaias revelaram propriedades antitumorais, desencadeando a importação japonesa de A. blazei do Brasil. Devido ao seu alto preço no mercado internacional, muitas empresas e produtores rurais produzem A. blazei como cultura alternativa para aumentar a renda, mas porque o interesse neste cogumelo ocorreu de repente não houve tempo suficiente para a comunidade científica investigá-lo e, a tecnologia utilizada para o seu cultivo ainda é baseada em regras empíricas. Existem também alguns dados contraditórios em relação à classificação deste cogumelo, e suas propriedades antitumorais ainda precisam ser confirmadas em humanos.

Palavras-chave: propriedades antitumor, cogumelo do sol, agaricus real, cogumelo do sol

RESUMO

O cogumelo Agaricus blazei Murrill foi descoberto na cidade de Piedade, Estado de São Paulo, Brasil, e enviado para o Japão para o estudo das suas propriedades medicinais. Com a descoberta das suas propriedades antitumorais, comprovadas em cobaias, o Japão passou a importar esse cogumelo do Brasil. Devido ao seu elevado preço no mercado internacional, muitas empresas e produtores rurais passaram a buscar nesse cogumelo uma nova alternativa de renda. Diante de um interesse tão repentino, não houve tempo para que a comunidade científica pesquisasse o assunto, de maneira que a tecnologia de cultivo é ainda muito empírica. Além disso, existem informações contraditórias acerca da classificação desse cogumelo e as suas propriedades antitumorais ainda precisam ser confirmadas em seres humanos.

Palavras-chave: cogumelo do sol, propriedades anti-tumorais, royal agaricus

INTRODUCTION

From the early days of civilization, man has used fungi for the production of fermented foods and beverages, or directly as food. No Antigo Egipto, a fermentação era considerada um presente do deus Osíris, enquanto os antigos Romanos atribuíam o surgimento de cogumelos e trufas a parafusos iluminadores lançados à terra por Júpiter (Alexopoulos et al., 1996).

Durante séculos, os Asiáticos atribuíram propriedades curativas a alguns cogumelos. Relatórios da China, desde cerca de 500 AC, sobre as propriedades medicinais dos extractos de Ganoderma lucidum (conhecidos na China como reishi), especialmente as suas propriedades anticancerígenas, têm sido transmitidos de geração em geração (Mizuno et al.., 1995a; 1995c), e desde a dinastia Ming (1620 d.C.), tem havido relatos sobre as propriedades medicinais dos cogumelos Lentinula edodes (shiitake), considerados um elixir da vida e possuindo a capacidade de aumentar a ‘energia vital’ e curar constipações (Mizuno, 1995a).

No final do século XX, pesquisadores no Japão demonstraram os efeitos antitumor de um cogumelo brasileiro, identificado como Agaricus blazei Murrill, que se tornou objeto de estudos de vários grupos de pesquisa (Kawagishi et al.., 1988; 1989; Osaki et al., 1994; Itoh et al., 1994; Higaki et al., 1997; Ito et al., 1997). Esses estudos aumentaram o interesse pelo A. blazei entre os japoneses, e assim ele começou a ser importado do Brasil, atraindo muitos produtores brasileiros de cogumelos para começar a cultivar A. blazei, que se tornou uma excelente fonte de aumento de renda. Entretanto, devido à importância medicinal relatada do A. blazei, alguns produtores registraram nomes ou marcas indicando que este cogumelo era seu próprio produto, dificultando a identificação científica das linhagens de A. blazei. Existe, portanto, a necessidade de esclarecer vários pontos em relação ao A. blazei, para que este importante cogumelo não seja monopolizado por poucos produtores, mas possa ser cultivado livremente por pequenos agricultores, que de fato o cultivam há muito tempo no Brasil. O cultivo mais difundido do A. blazei significaria que este cogumelo seria mais barato para os consumidores brasileiros, que atualmente não podem se dar ao luxo de comprá-lo, e deixaria de ser um produto apenas para exportação.

Cogumelos como fonte de substâncias antitumorais

De acordo com Mizuno et al. (1995a), um dos estudos pioneiros sobre a atividade antitumor dos cogumelos foi publicado por Ikegawa et al. (1968). Estes autores descreveram a potente atividade antitumoral em extratos aquosos de alguns cogumelos, incluindo membros da família Polyporaceae, à qual pertence Ganoderma lucidum. Posteriormente, Chihara et al. (1970) relataram a purificação de polissacarídeos shiitake com alta atividade antitumoral. Na sequência, um destes polissacáridos, lentinan, começou a ser comercializado por uma empresa japonesa para o tratamento do cancro do estômago (Mizuno et al., 1995b). A partir daí, inúmeros relatórios foram publicados descrevendo o isolamento e estudo de substâncias com propriedades medicinais de um grande número de espécies de cogumelos. Além do lentinan, dois outros medicamentos citostáticos foram isolados no Japão: o krestin, produzido por Coriolus versicolor mycelium e usado no tratamento de cânceres do trato gastrointestinal, pulmão e mama; e o schizophyllan, (ou Sonifilan), extraído do meio de cultura da comunidade Schizophyllum e usado no tratamento do câncer do colo do útero (Mizuno et al, 1995b).

Embora não haja produção comercial do composto purificado responsável pelas propriedades medicinais do A. blazei, vários estudos têm sido realizados para isolar e caracterizar os polissacarídeos de A. blazei com atividade antitumoral (Kawagishi et al., 1989; Mizuno et al., 1990a; 1990b; Ito et al., 1997; Fujimiya et al., 1999). Baseado não só nas tradições indígenas ou orientais, mas também em experiências em que muitos cogumelos foram rastreados para substâncias com propriedades farmacológicas, é actualmente aceite que os cogumelos hospedeiros comestíveis têm alguma propriedade farmacológica.

Um dos grandes obstáculos para tornar as propriedades medicinais dos cogumelos mais amplamente conhecidas é que muitos dos estudos anteriores foram publicados em japonês, e muitos dos estudos clínicos publicados em revistas orientais não duram muito tempo (Mattila et al., 2000). Estudos mais longos cobrindo toda a vida útil dos animais testados são então necessários para avaliar as propriedades medicinais dos cogumelos.

A situação no Brasil

Contraste com países asiáticos, europeus e norte-americanos, o consumo de cogumelos no Brasil sempre foi geralmente restrito a pequenas comunidades étnicas ou a grupos de maior status econômico e/ou cultural. O cogumelo mais consumido no mundo é o Agaricus bisporus, que é também o cogumelo mais popular comido no Brasil, embora devido ao seu preço relativamente alto, o uso do A. bisporus seja geralmente limitado à cozinha gourmet. Embora as plantas medicinais sejam amplamente utilizadas no Brasil, não há nenhum uso tradicional de cogumelos na medicina prática brasileira, embora tenha havido recentemente um maior interesse no consumo de cogumelos com a crescente consciência do isolamento de substâncias com propriedades medicinais de várias espécies de cogumelos. Além das suas propriedades medicinais, os cogumelos comestíveis têm sido considerados um alimento saudável porque são pobres em gordura, ricos em vitaminas e aminoácidos e, em comparação com a maioria dos vegetais, ricos em proteínas (Crisan & Sands, 1978). Com a maior popularização destas propriedades e das suas qualidades culinárias tem havido uma lenta mas notável mudança nos hábitos dos brasileiros em relação ao consumo de cogumelos, e como resultado, existe actualmente um número considerável de produtores brasileiros de cogumelos interessados não só em A. bisporus, mas também em outros cogumelos, como o Pleurotus ostreatus (hiratake e shimeji), Pleurotus sajor-caju (houbitake) e, especialmente, Lentinula edodes (shiitake), todos valorizados não só pelas suas propriedades medicinais, mas também pela preparação de alimentos gourmet.

Desde os anos 90, tem havido um crescente interesse no Brasil no cultivo não só dos cogumelos acima mencionados, mas também das espécies de cogumelos `novas’, descobertas na cidade brasileira de Piedade, no estado brasileiro de São Paulo, em 1960, por um cultivador e pesquisador chamado Furumoto, que o enviou ao Japão em 1965 para investigação (Mizuno, 1995b). Este cogumelo foi identificado como Agaricus blazei Murrill pelo cientista belga Dr. Heinemann em 1967 (Heinemann, 1993; Mizuno, 1995b) e recebeu o nome comum de Himematsutake no Japão, enquanto no Brasil recebeu o nome de cogumelo Piedade em homenagem à cidade onde foi descoberto, e mais tarde conhecido como cogumelo medicinal ou Cogumelo do Sol® no Brasil e o Royal Sun Agaricus® em outros países. Após a morte do Sr. Furumoto, o cultivo do A. blazei foi abandonado e foi somente em 1990 que seu cultivo foi reavivado como resultado do interesse de algum empresário japonês que trouxe as linhagens de A. blazei de volta do Japão, onde foram usadas em estudos de atividade antitumoral (Fujimiya et al., 1998; 1999; Kawagishi et al., 1988; 1989; Osaki et al., 1994; Itoh et al., 1994; Ito et al., 1997). De acordo com Ernesto N. Uryu, agrônomo de uma organização de assistência técnica (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral – CATI, Sorocaba, São Paulo, Brasil) e contemporâneo do Sr. Furumoto, os cogumelos originalmente cultivados pelo Sr. Furumoto tinham um aroma e sabor muito forte que os tornava difíceis de comer, mas as cepas trazidas do Japão tinham perdido muitas de suas características originais e tinham adquirido um cheiro mais agradável, uma coloração mais clara, e eram maiores (comunicação pessoal, 1998).

Por causa do interesse do mercado japonês iniciou-se uma nova fase no cultivo de cogumelos no Brasil, na qual o A. blazei tinha o estatuto de produto de exportação, com preços mais elevados em comparação com outros cogumelos, e o A. blazei começou a representar uma óptima alternativa de cultura de rendimento para pequenos produtores rurais. A falta de estudos científicos sobre o A. blazei significou que ele foi cultivado empiricamente com base no cultivo do A. bisporus, que tem um ciclo de vida muito semelhante, embora diferente em termos de fatores ambientais, sendo o A. bisporus uma espécie temperada com iniciação ótima do corpo frutífero a 17°C, enquanto o A. blazei é uma espécie tropical, com iniciação ótima do corpo frutífero a 25°C.

Instituições brasileiras com financiamento público estão atualmente engajadas em pesquisas sobre A. blazei, estudando aspectos bioquímicos, fisiológicos e genéticos deste fungo e realizando pesquisas aplicadas na seleção de composto, técnicas de revestimento de solo e otimização das condições ambientais necessárias para o crescimento do A. blazei. Tais pesquisas permitem que o cultivo deste cogumelo possa ser feito com base científica, levando em conta as particularidades da espécie.

Estudos descrevendo as propriedades antimutagênicas do A. blazei já foram publicados no Brasil. Delmanto et al. (2001) utilizaram ratos para mostrar a atividade antimutagênica de um extrato aquoso de A. blazei, sendo a atividade antimutagênica observada apenas quando o extrato foi obtido pela mistura de extratos de três cepas diferentes de A. blazei. Estes resultados indicaram que as diferenças entre cepas ou condições de crescimento podem influenciar as propriedades medicinais do A. blazei. Menoli et al. (2001) observaram que uma mistura de extratos das mesmas cepas descritas por Delmanto et al. (2001) mostraram atividade antimutagênica contra células pulmonares de hamster chinês V79 tratadas com metanossulfonato de metila. Também foram publicadas pesquisas sobre estudos clínicos empregando o cogumelo descrito como Agaricus sylvaticus (Gennari, 2000a) (que pode de fato ser A. blazei), incluindo estudos dos efeitos deste cogumelo no câncer e na AIDS (Gennari, 2000b) e no aumento do número de células naturais assassinas em pacientes com câncer (Gennari et al, 2001).

Cogumelos medicinais: ciência versus lucro

Com a descoberta das propriedades antitumorais do A. blazei, muitas empresas começaram a comercializar o cogumelo desidratado para exportação e, em menor escala, para o mercado brasileiro. No Brasil, uma característica proeminente da indústria dos cogumelos tem sido a ampla popularização das propriedades medicinais dos cogumelos, mas devido à forma antiética como essas propriedades medicinais foram comercializadas, as alegações de saúde têm sido vistas com desconfiança. Foram feitas algumas acusações, especialmente na televisão, de que as empresas estavam a vender produtos de cogumelos e resultados promissores que ainda não tinham sido provados cientificamente devido à falta de investigação que mostrasse a mesma actividade antitumoral em humanos que tinha sido demonstrada em animais. O Decreto 396/1999 do Ministério da Saúde brasileiro proíbe a venda de alimentos com propriedades medicinais ou a sugestão de que possam ser utilizados para o tratamento ou prevenção de doenças.

Um outro aspecto negativo criado por interesses puramente econômicos é a tentativa de explorar exclusivamente este cogumelo. Apesar do termo Cogumelo do Sol® ter se tornado popular entre os produtores como nome comum para a espécie Agaricus blazei, o nome Cogumelo do Sol® foi registrado como marca registrada por uma empresa em São Paulo. Além de se apropriar de um nome já em uso comum, a mesma empresa relatou que, com base em um estudo da Dra. Pegler do Royal Botanic Gardens London (veja abaixo), seu Cogumelo do Sol® era muito semelhante ao Agaricus sylvaticus Shaeffer e que era o resultado da fusão de vários fungos e um híbrido não encontrado na natureza. Há uma série de contradições nas informações relativas ao A. blazei apresentadas por esta empresa. Primeiro, não há qualquer relato na literatura científica de um fungo com o nome Agaricus sylvaticus Shaeffer embora exista um Agaricus silvaticus Schaeffer. Devido à semelhança entre estes nomes, é quase certo que o chamado A. sylvaticus Shaeffer foi identificado como uma espécie (Agaricus silvaticus Schaeffer) já conhecida há décadas. Alguém, provavelmente por engano, tomou a iniciativa de mudar ou omitir algumas letras, substituindo a letra `i’ no nome científico por `y’ e omitindo a letra `c’ no nome do autor. O cogumelo A. silvaticus é descrito na literatura como sendo nativo de regiões temperadas, ao contrário do que é conhecido pelo cogumelo encontrado na região da Piedade em São Paulo e que foi enviado para o Japão para identificação, este cogumelo crescendo bem a cerca de 25°C. Algumas amostras do cogumelo Piedade foram enviadas do Japão para o Dr. Heinemann na Bélgica, que as identificou como Agaricus blazei Murrill, enquanto o Instituto Biológico de São Paulo enviou outras amostras ao Dr. Pegler que Fellippe Jr. (1999) relatou erroneamente tê-las identificado como Agaricus sylvaticus Shaeffer. Parece que as amostras foram identificadas como espécies diferentes e que o Dr. Pegler provavelmente não a considerou uma espécie nova, mas que era semelhante ao Agaricus silvaticus Schaeffer.

Os poucos relatórios científicos sobre o Cogumelo do Sol®, citando-o como o Royal Sun Agaricus®, referem-se a ele como uma variante natural do A. blazei, mas se isto for verdade, então o Royal Agaricus nunca poderia ter sido considerado como uma espécie nova, mas apenas como uma das numerosas cepas de A. blazei. Tanto quanto sabemos não foi publicado nenhum artigo em revistas científicas sobre as propriedades antitumorais, ou qualquer outra acção terapêutica, do A. silvaticus, embora alguns sites da Internet o mencionem como uma espécie venenosa capaz de causar sintomas semelhantes aos da combustão.

A alegação de que o Cogumelo do Sol® foi o resultado da fusão de vários fungos não tem qualquer suporte científico, porque a fusão de fungos para produzir uma nova espécie não ocorre prontamente. Se isto aconteceu de facto, deveria ter havido uma descrição detalhada da metodologia, de preferência publicada numa revista revista revisada por pares, e o facto de não haver apoio científico para a fusão de estirpes lança dúvidas sobre a consistência de muita da informação publicada sobre o cogumelo solar, o que pode não ser necessariamente verdade.

Considerando tudo o que foi dito acima, é evidente que há necessidade de clarificar a identidade do Cogumelo do Sol®. O Dr. Mizuno, um dos ícones da pesquisa japonesa sobre cogumelos medicinais, referiu-se ao que agora é conhecido como Cogumelo do Sol® como o Royal Agaricus ou Agaricus blazei Murrill (Mizuno, 2000), enquanto que num estudo técnico, Stamets (2000) referiu-se a ele como o Royal Sun Agaricus® ou A. blazei Murrill. O reconhecimento científico das propriedades medicinais atribuídas ao Cogumelo do Sol (Cogumelo do Sol®) refere-se sempre a ele como A. blazei Murrill, sendo esta a nomenclatura adotada pela comunidade científica tanto no Brasil como no Japão.

Colauto et al. (2002) caracterizaram geneticamente vários A. blazei Murrill isola usando DNA polimórfico amplificado aleatoriamente (RAPD) e encontrou pouca variabilidade genética entre os isolados, sendo os isolados ABL 97/11, ABL 99/25 e ABL 99/29 idênticos e isolados ABL 99/28 e ABL 99/26 (isolado Jun 17, que tem sido usado em estudos no Japão e na Universidade do Estado de São Paulo, Brasil) sendo mais divergentes, isolado ABL 99/26 mostrando a maior distância genética. Embora exista uma estreita relação genética entre as linhagens comercializadas no Brasil, é possível detectar alguma variabilidade genética entre elas. Do nosso ponto de vista, seria muito interessante se o cogumelo comercializado como Agaricus sylvaticus pudesse ser geneticamente comparado com todas as cepas conhecidas de A. blazei para estabelecer sua distância genética.

Desde que o Agaricus blazei Murrill é de origem norte-americana, Wasser et al. (2002) propuseram que o cogumelo Piedade constituísse uma nova subespécie, o Agaricus blazei Heinemann nativo da América do Sul. De fato Wasser et al. vão mais longe e sugerem que A. blazei Murrill e A. blazei Heinemann representam duas espécies diferentes e que A. blazei Heinemann deveria ser renomeado como Agaricus brasiliensis S. Wasser, M. Didukh, de Amazonas et Stamets sp. Nov., syn: A. blazei Murrill ss. Heinemann., Bull. Jard. Bot. Belg. 62: 365-368, 1993. O sinônimo A. blazei Murril ss. Heinem pode ser mais útil comercialmente para os produtores porque o cogumelo Piedade é conhecido pelo nome A. blazei não só no Brasil mas também no Japão, que é o principal mercado para este cogumelo, mudando seu nome para mais um obviamente brasileiro poderia afetar a percepção do consumidor deste produto.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Se o cogumelo comercializado exclusivamente como o ‘Cogumelo Sol’ ou o ‘Agaricus Fiel’ possui propriedades medicinais não é contestado aqui. Em vez disso, o que estamos questionando é a falta de consistência na taxonomia da espécie e sua origem. Embora seja importante ter estudos clínicos das propriedades medicinais dos cogumelos, também é importante ter uma base científica sólida em termos de microbiologia e genética e os profissionais de saúde que realizam tais estudos precisam do apoio de profissionais com experiência taxonômica para evitar o uso de termos e expressões inadequadas. Outro ponto importante é que esses profissionais devem ser objetivos e não comprometidos pela necessidade de produzir os resultados desejados pelos interesses comerciais.

ACKNOWLEDGMENTS

Agradecemos tanto à Fundação de Amparo e Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG: Fundação de Amparo e Pesquisa do Estado de Minas Gerais) pelo apoio financeiro quanto ao agrônomo Sr. Ernesto Noboru Uryu (CATI, Sorocaba, São Paulo, Brasil) por informações úteis sobre a história de A. blazei.

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